Oceano
De onde vem as palavras que eu escrevo?
Como explicar um atraso,
Um sonho que não deu certo, um encontro desmarcado
É um equilíbrio cósmico ou um erro de cálculo?
Um tropeço, um momento adiado
Uma ideia do acaso ou um caso do destino
De onde essa inspiração tem vindo?
Se esqueço algo ou se me lembro
Se tomo a rua errada
Sem saber por onde estou indo
E me encontro extamente aonde deveria estar
Como explicar um engano
Mergulhar num oceano
Inexplorado
Mesmo, na ausência de certeza
Se irei me afogar?
Ou saber se o que houve
Tinha sido, antes planejado
E alguém propositadamente, escolheu me testar
E qual será, se não esse
O passo que eu poderia ter dado
O que eu perdi do outro lado?
Que mesmo tudo dando errado,
Eu me arrisco a confiar
De onde vem a mão que move a minha?
As vozes na minha cabeça
A imaginação para cada linha?
Quem é que me dita o livro
Antes que eu adormeça
E nunca me deixa ficar sozinha
E de onde vem essa incompletude?
A necessidade de me compreender
Quem cria as lacunas
Para que eu possa preencher?
E quem estará escrevendo a minha história
Enquanto eu estou aqui me questionando?
Bem, se pego a rua errada
Quem será que me pôs lá
E quem está me acompanhando?
E se me perco, me visto de chuva
Mergulho num oceano desconhecido
Quem será que vai me buscar?
Quem inunda a minha mente de ideias e problemas
Que pinta as cores no meu coração
E da sentido aos meus poemas
Um equilíbrio cósmico, obra do divino ou manipulação?
Quem é que me observa
Que cuida de mim, quando eu não tenho atenção
Será que me escuta?
Que vê a minha escuridão?
Bem, se pego a curva errada
Quem é que muda a direção?
E se eu estou aqui ainda
Quem é que me deu permissão ?
Saltar no escuro assusta
E talvez eu nunca tenha a solução
Para nada do que me frustra
E pegue a curva errada, siga uma ou outra estrada na contra mão
Uma centena de perdas, alguns tropeços e encontros no caminho
Aparentemente, sem qualquer razão
E então a luz se apagará
Junto com os meus " por ques"
E eu vou voltar a superfície
Com a sensação de ter pego a curva errada outra vez
E talvez deseje nunca ter me preocupado tanto
E deseje mergulhar de novo
Naquele oceano
De estupidez