Poesia Esquecida

Estou farto de viver sem ter motivos, não que esteja farto de viver, mas sim de não ter motivos.

Já não vejo mais poesias que se encontram nas ruas,

já não encontro livros de poetas,

já não entendo como o mundo se comporta.

E eu, na minha mais pura ignorância optei por ignorar o poeta,

Minhas referências, vis como os tempos da atualidade

Falo sobre filmes, séries, música e não falo de poesia.

me pergunto como está a economia, o que fazer no novo emprego e para onde iria.

Não tenho dormido bem, tão pouco tenho sonhado

os sonhos de mim se vão, como os poetas do passado.

Não tenho comido bem, e se como é sempre demasiado

a ânsia me consome, como um quarto desarrumado

Não que não tenha amigos, pois os tenho, é que Erato nem sempre me visita, quando uma conversa com eles mantenho.

E pensar que deles sou eu, isso eu, o mais torpe e fútil de todos, que escrevia poesia outrora e estou a admirar corpos hoje.

Não sei se entendem quiçá querem entender, preocupados com diversas coisas e pouco com o próprio ser.

Se falo, sou eu chato, arrogante, erudito e não entendo a vida. Vivo eu do passado e se não falo, dói-me demasiado a ferida.

Quem dera eu ter a sabedoria do mestre e a sua paz infinita. Que pouco esforço encontra a tranquilidade exigida.

Tudo tão literal, vivo eu de literalidades. Se Odiseu cochila ao barco, o saco de ventos nunca foi realidade.

Queria eu viver nas alturas, que os literais, são tão literais que pouco entendem de literatura.

Vivo eu, homem ignorante, nesta névoa que me cerca, me cega e me carrega por um mundo de tão pouca magia.

Dom Quixote fez da cavalaria sua própria aventura e eu deito no sofá e não penso em coisa nenhuma.

Não tenho medo de viver e nem estou farto da vida, só tenho medo que um dia, a poesia seja esquecida…