Meu admirável mundo fundamentalista

Olá tudo bem? Vou apresentar-me

Quem me conhece sabe

Sou o cidadão de bem

Que julgo a todos sem olhar a quem

Em posses das Escrituras Sagradas

Desvirtuo toda a sua graça

Faço dela a minha arma

Para condenar quem não me agrada

No meu recorte da realidade

Todos precisam seguir um padrão de moralidade

Um perfil de roupa para arrotar santidade

E os comportamentos dentro de uma certa normalidade

Escoro no legalismo para eleger meus inimigos

Pois todos fora da minha bolha considero um perdido

Sempre elejo um alvo como inimigo

Faço uma Facknews dele para os conhecidos

Assim tenho justificativa para os meus atos terríveis

Pois preciso culpar alguém das minhas sandices

Justifico minhas frutrasções em uma pseudo santidade

Pois tudo que eu queria era viver outra realidade

Posar de bastião da moralidade

É a minha função mediante a sociedade

Não preocupo com o sentimento alheio

Pois empatia não faz parte do meu enredo

Minha história é enveredada do mais puro preconceito

Pois por aqueles que são diferentes não consigo ter respeito

Meu único medo é que um dia essa bolha estoure

E minha influência sobre os doutrinados evapore

Pois sem um palco ou plateia para prestigiar-me

Estarei fadado ao ostracismo dos esquecidos

Por: Saulo Rodrigues