Tempo de engano
No sorriso de instantes, mente o tempo, bem disfarça.
Enquanto invento, pinto letras, choro e canto, esvai se, como água em fio de rio, um pouco eu.
Despercebida morte, um tanto de cores e cinzas, outras vezes, em frias tumbas escuras.
E o vento se foi, levou consigo as dores, os retratos velhos, a lembrança e a ilusão.
Mórbido relógio, que no compasso passa, entre crianças e anciãos, tudo leva.
Daqui a pouco, nem as letras, nem as dores, nem a feiúra da morte, nem a memória de mim.
No sorriso de instantes...
João Francisco da Cruz