NESSES DEZEMBROS
Chuva de estrelas invisíveis
nascem do verde, do véu da terra,
da dança das cachoeiras e das tempestades
Como fogo e pólvora,
com a força dos trovões
e a magia densa e fora de prumo
de cada anoitecer encharcado de caos
Dos estrondos que vibram
fazendo latejar
um desamor inteiro
de versos desconexos
e sem fim
Então, a esperança em preto e branco
dança e explode
em cada segundo do vazio,
em cada palavra de desordem,
em cada casa que pisamos,
em cada nuvem negra que atravessamos
Agora, o branco acinzentado dos véus
voa
e se transforma
nas estradas de terra fértil que sonhamos
Onde aquele medo de atravessar a morte
já chegou ao fim
E, no fim, o vazio e o nada: lugar em que podemos tudo
nesses dezembros
de luz,
de solidão
e casa cheia.