O passarinho azul
Como voar tendo o corpo tão amarrado a memórias tão dolorosas? Tendo o corpo amarrado a grandes portas. Portas que trancam todos meus sentimentos.
Voei uma vez, e fui o mais alto que consegui. Mas ele me fez cair. Seu corpo prendendo o meu, o nojo, o absurdo, me fizeram cair. Tentei levantar voo, mas palavras doloridas e maldosas caíram do céu.
“O céu está caindo?”
Ah se eu pudesse voltar a voar. Se eu pudesse lançar voo. Eu seria o passarinho mais rápido que o céu já viu. Um pequeno passarinho azul, com fome de viver tudo aquilo que não viveu.
Voaria pelos céus, contornaria azuis, e quem sabe mergulhar em profundos oceanos?
Tudo seria possível para esse pequeno passarinho azul.
Então, sobre alçar voo eu não sei, mas estou pronto. Pronto para um pulo despretensioso do meu alto ninho de sentimentos guardados. Com a leveza de uma pena, por enquanto, vou flutuar.