Todo este silêncio me lembra de casa
Confunde-me aos montes.
Me esculpem molduras que não me cabem,
Desenham contornos que não me definem.
Escutam minhas frases, mas as ignoram
Como se não existisse um emissor
Tão desesperadamente as ofertando.
Quando as falas se tornam avisos,
Do perigo iminente que corre aquele que desafia
A harmonia da minha catástrofe,
É tarde demais para mudanças casuais;
É preciso fazer muito mais
Para que os alarmes parem de soar.
Todo este silêncio me lembra de casa,
Onde os fracos definham nas lacunas do abandono
Corações vítimas da inanição,
Animais domesticados que vagueiam sem dono,
Metáforas sobre deuses caídos,
Os mesmos e maiores inimigos,
Que residem nos arredores.
Os pormenores seriam extensos
Se ainda valessem da memória.
Mas o pouco que sei de minha história,
Já basta para assinar tua sentença.
Tua descrença te levará para lugares incríveis,
Desde que os palpites sejam certeiros
Pois no primeiro erro
Perderá a chance de repeti-los.