Joana
Lembro que aos sete anos
minha avó alagoana
no sarampo me cuidou.
Perto de um mês na cama
sentindo a febre queimar
e a doença se alastrar,
fui salva pela Joana.
Em uma casa bacana
(ao lado nosso barraco)
morava linda menina.
Eu via pelo buraco
ela sorvetes tomando,
convalescente e brincando!
Quase dessa não escapo!
Sua mãe tinha feito um trato:
Pra garota refrescar
e a moléstia ir embora.
Aconteceu o espalhar:
Os olhos congestionando
e a cegueira se incorpando,
a família a lamentar.
Ainda tenho pra contar:
Eu estava quase morrendo
e a Joana se assustou,
num cobertor me envolvendo!
Charreteiro conhecido
atendeu o seu pedido
pro hospital fomos correndo.
A amizade nos valendo!
Desconheço o que pagou
pois tinha poucos recursos,
na vida muito lutou!
A graça compartilhando
e a minha história contando,
a esperança renasceu.