PARA QUEM NÃO SABE O QUE É O PRIMEIRO AMOR...
Quando cair a última torre dos meus poemas,
E não houver mais defesa ao teu encanto,
Esperarei calmo diante de minha espada,
E entregando-a, cabisbaixo e sereno,
Não direi nada ao teu coração carrasco.
Evitarei os olhos que um dia já me pisaram,
Os lábios que jaz me recusaram,
As mãos que me impediram do último abraço,
No adeus do meu dia mais frio.
Não relute, senhora de vitória de Pirro,
Não me deixe tentar atentar-te ao erro,
Pois de mim, pelo prejuízo e pelo tempo,
O que sinto por amor no dicionário destoa.
Atrai-me o misto de querer e repulsa,
Seria beijar-te com a língua em veneno,
Seria contorcer num abraço de cobra.
Pois foste a primeira, assim... a única,
Está maldita saga do amor estagiário,
Maligna essência do amor primeiro,
Que nunca deveria ser desfeito,
Ou nem mesmo ter sido criado,
Dos animais deveríamos ter o cio,
Reles momento de instinto,
Seguir o caminho entre fome e caça,
Mas evoluímos para seres frágeis,
Os quais, na primeira armadilha, sucumbem,
E seguem o caminho... Sempre feridos.