A Beleza de Cair em Público
Num mundo de vitrines limpas,
Onde se veste o brilho da fachada,
Há quem se atreva a rasgar o véu,
A mostrar as fissuras da própria mão.
Vivemos entre muros de vaidade,
Erguemos palácios de falsa perfeição,
Mas quem reconhece o passo em falso,
Que tropeçou nas pedras da razão,
Esse sim, caminha leve.
A beleza não está no inatingível,
Mas no humano que cede, que falha,
Que se expõe aos olhares de aço,
E transforma o erro em coragem.
Enquanto tantos se escondem atrás
de máscaras polidas,
Há quem se desnude de toda farsa,
Quem pinta o engano com cores vivas,
E escapa do molde, do teatro de marionetes.
Há poder em dizer: "eu me enganei",
Em soltar as amarras do orgulho,
Pois o mundo que teme a queda
É o mesmo que se perde no vazio da pose.
E o mais belo é quem cai em público,
Quem deixa o tropeço ecoar na praça,
Pois no erro revelado, há revolução,
E no admitir, nasce a verdade.