Infância
Infância é um campo aberto,
onde o tempo corre solto,
não há muros, nem limites,
somente o vento que carrega sonhos,
e as risadas que preenchem o vazio,
como ecos de um passado presente,
que ainda não sabe o que é saudade.
A escola surge, gigante e desconhecida,
um mundo novo dentro de paredes brancas,
onde os dias parecem eternos,
cheios de números, letras, perguntas,
mas também de descobertas doces,
como se cada lição abrisse um caminho,
para futuros que nem ousamos imaginar.
A rua de casa é o nosso refúgio,
calçada de histórias e pés descalços,
o asfalto quente guarda os passos,
das corridas que nunca terminam,
e as esquinas que escondem segredos,
onde a liberdade tem sabor de terra,
e o mundo cabe em um quarteirão.
Um dia, sem aviso, o coração acelera,
o primeiro amor nasce como uma brisa,
suave, inesperado, quase sem forma,
mas toma conta de tudo, lentamente,
como se uma nova cor pintasse o céu,
e os olhares mudassem o tempo,
fazendo o agora durar para sempre.
O toque das mãos ainda é tímido,
um roçar de dedos que parece acidental,
mas há uma eletricidade, uma promessa,
algo que não se explica, mas se sente,
e a infância, antes tão simples,
ganha novos contornos,
com perguntas que não sabemos responder.
Os amigos são a rede que nos sustenta,
nas tardes longas em que o sol se despede,
as conversas se alongam até a noite,
cheias de planos, medos e risadas,
como se aquele instante fosse eterno,
e a rua, a escola, o amor,
se unissem em um só lugar, dentro de nós.
E então, o tempo passa sem pressa,
levando consigo pedaços de tudo,
mas deixando rastros,
como marcas invisíveis no coração,
a infância se despede lentamente,
mas nunca realmente parte,
ela fica, silenciosa, dentro de nós.