A maioria estática

O contraste direto entre duas etapas longínquas,

Que se dá pela distância, tempo,

Ou completa distinção das propriedades intrínsecas de cada uma,

É a melhor maneira - ou, pelo menos, a mais coesa -

Para aconchegar o espirito errante,

Que não reconhece os caminhos que trilhou,

E nem o que motivou tais andanças.

Uma ao lado da outra, despidas de suas máscaras tolas,

Expondo por completo o ridículo à ridicularização,

Vasculhando as entranhas, do apêndice ao fígado,

Do pâncreas ao coração

E não achando nada que valha a pena ser salvo.

O novo alvo é a continuação do antigo,

O velho inimigo de antes; agora atualizado,

Pronto para a mesma análise

Que fizemos com sua versão do passado.

Ao fim da operação: Nada de novo.

Nada, de novo, merece a salvação.

O mesmo punhado de conjecturas,

De incertezas e lamúrias,

E outras leituras que apenas são possíveis,

Quando nenhum obstáculo engana nossa visão.

Talvez o espírito errante não esteja tão perdido assim.

Não reconhece seus caminhos, é verdade,

E também não reconhece a si mesmo quando olha para seu interior.

A cada ano que passa, percebe novas coisas surgindo,

Demolindo as versões antigas que antes o sustentavam,

Mas já não representam mais como ele gosta de ser.

Muitas vezes é doloroso, requer certa firmeza,

Que por si só já é suficiente para desencorajar a maioria.

Mas a minoria que fica, aprende uma valiosa lição

Sobre adaptabilidade.

A maioria é estática.

Presa nos mesmos moldes que primeiro se apresentaram.

Buscas por aprovação, reclamações dia sim, dia não;

Semanas de negação

E outras maldições do mau agouro.

Réplicas perfeitas do que sempre foram,

Do que sempre ofertaram

E pelo visto, sempre ofertarão.

João G F Cirilo
Enviado por João G F Cirilo em 17/10/2024
Código do texto: T8175452
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.