Como se sua casa não
tivesse mais teto e concreto
nós daqui, como Deuses
observamos eles lá;
Beth finge dormir deitada na cama
segurando o choro, pensando
que diante de tantas experiências
Já devia saber como
agir diante de uma briga
a primeira briga…
Mas todo amor é novo.
Criss está sentado no sofá
e ele aumenta o som da TV…
parecendo querer incomodar
e demonstrar uma força
E também um certo descaso…
Esconder o menino que mora
bem no coração do vulcão que entrará
logo, logo em erupção, jorrando…
até o chão, sua masculinidade frágil.
Como é que podem
aos cinquenta anos dum lado
e quarenta e nove do outro…
estarem agindo assim, de forma tão
infantil e impulsiva…?
Como é que podem a esta altura?
Após tantos sofrimentos passados…
estarem perdidamente, irracionalmente
dilaceradamente apaixonados?
Quem sairá do quarto…?
Quem vai ceder…?
Quem terá a barriga mais vazia,
a bexiga mais cheia, e uma vontade
incontrolável de abraçar e beijar
e fazer amor e dormir de cansaço?
Beth se senta na cama…
respira e levanta.
Criss desliga a televisão
respira e levanta.
Eles se encontram no corredor
cabisbaixos com semi-sorrisos
e carinhas de crianças que juntos,
aprontaram uma arte.
Se atracam, entre:
Abraços, beijos, e eternas
(e também mentirosas)
promessas de amor…