Se eu morrer

Se eu morrer,

você tem que viver

para contar a

minha história;

para vender as minhas coisas,

para comprar algum papel,

e alguns fios,

para fazer uma pipa

(que seja branca com um longa cauda)

para que uma criança,

em algum lugar de Gaza,

olhando o céu,

esperando por seu pai que

se foi numa chama

sem se despedir de ninguém,

nem mesmo de sua própria carne,

nem mesmo de si mesmo,

veja a pipa, a minha

pipa que você fez,

voar lá no alto

e pense por um momento

que um anjo esteja ali,

para trazer de volta o amor.

Se eu morrer,

faça com que eu traga esperança,

faça com que eu seja uma história.

 

Poema do Refaat Alrareer, palestino morto por um bombardeio israelense em 6 de dezembro de 2023.

 

(Tradução de Luisa Rabolini - Revisão: Oscar Calixto)

Refaat Alrareer
Enviado por Oscar Calixto em 12/10/2024
Reeditado em 13/10/2024
Código do texto: T8171853
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