Sob o Peso do Dia
Vivo na cadência exata
De rotinas bem traçadas
Mas há um eco que me invade
Nos silêncios, nas pausadas.
Sigo os trilhos do relógio
Sem vacilo ou distração
Mas dentro, um mar revolto
Esmaga-me o coração.
No olhar que brilha ao mundo
Escondo sombras sem fim
Uma tristeza abafada
Que nunca chega ao jardim.
Sou ponte entre o eficiente
E o vazio que me consome
Uma máscara permanente
De um sorriso sem nome.
No cansaço que carrega
Há um grito por dizer
Mas a vida pede pressa
E o tempo manda correr.
Assim, sigo-me invisível
Funcional, impecável
Mas no espelho dos meus sonhos
Sinto-me sempre afundável.