Pedras

Por onde andei, busquei sem saber;

Fiquei onde não via, mas avancei,

Como quem segue sem destino a ver,

Na trilha incerta onde a vida errei.

O medo vem, invade o meu andar,

Corta-me os passos, faz-me vacilar.

Pausar não é ruim, mas é atraso vil,

E as pedras, do passado, lá sutil.

Por que, então, deixei-as para trás?

Se são minhas, por que não me seguem mais?

E aquelas que em meus pés tropeçam,

Serão do hoje, ou sombras que regressam?

Pedras iguais, que a vida me legou,

Se me abandonam, ou se aqui estou

A tentar distinguir a dor passada

Daquela que ainda me é reservada.

Oh, destino cruel! Que jogo é esse,

Onde tropeço, pauso, erro, careço?

Será que eu devia, será que ousaria,

Deixar a pedra que ali me espreitava fria?

E se, ao final, ao passar de tudo,

Tivesse a mesma pedra, o mesmo susto?

O destino, cruel arteiro, sorriria,

Atirando em meu rosto a ironia fria.

Sigo, pois, este andar sem direção,

Prometo, tento, faço uma oração,

Mas será que livre poderei um dia

Caminhar sem a pedra, em paz, sem agonia?

Quem sabe o destino, em sua arte sagaz,

Deixe-me enfim andar, sem olhar para trás.

E, se as pedras não mais quiserem me seguir,

Um pouco mais livre, poderei prosseguir.

hewie
Enviado por hewie em 11/10/2024
Código do texto: T8171482
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