OUTROS TEMPOS
E eu compunha poemas,
Mesclando sonhos e lembranças,
Sobre amores e paixões.
Muito mais sonhos,
Até saudade do desejado porvir,
E até contava das dores das despedidas,
Que o tempo haveria de permitir.
Tanto contei de encontros,
De encantos e deslumbres,
Que a imaginação ditava e construía,
E que confundiam, até a mim.
Como era bom falar de amor,
Do envolvimento mágico da paixão,
Do coração descompassado,
Da carne fervente, das labaredas,
Hoje, componho sobre o viver em si,
O mesmo tempo que outrora instigava,
Agora limita os sonhos e o imaginário,
Exigindo a seletividade restrita ao palpável.
Mas continuo tentando compor,
Mesmo sem o encanto sedutor,
Dos versos de outrora.
Eacoelho