Na Hora Mais Escura
De repente, no azul da vida, vem o cinza,
Uma cor sem paixão descolore os céus.
Preso como marionete a um absurdo palco,
Tento resistir à hora mais escura.
A monotonia do cinza causa desmoronamentos,
O monótono cotidiano faz a cabeça pesar toneladas.
Fora disso há a circunferência do pavor lá fora:
Genocídios, corpos caquéticos de fome,
Ditaduras, mandonismos sem fim, alienações.
Na minha hora mais escura é
Vital lembrar os bons momentos,
Os que vivi e os que estou construindo.
Mesmo com o pânico batendo na porta,
Me procurando nas calçadas,
É necessário se agarrar aos bons momentos.
Então, nos dias mais cinzas,
Crio meu próprio sentido diante
Da vastidão de pérolas e porcos mundo afora.
Independente dos tesouros talhados pela sociedade,
É em mim que vou me definir.
Construo meu próprio lar, meus alicerces,
Atribuo meus próprios valores,
Os vivo da melhor forma ao saber
Que o vasto universo não é consciente,
E que sou temporária partícula a respirar
No canto de alguma galáxia.
O que importa é o que sinto,
O que faço a cada instante,
O que faz dar sentido à vida.
Fazer valer os momentos
Em situações que eu vivencio.