A MENINA
(à minha filha, Makslaine)
Numa estrada branca, uma menina
Buscava um ponto longe, no horizonte
E o ponto ora ficava atrás de um monte
Ora ficava o ponto na campina.
E se ia assim, dia após dia,
Numa solidão incomparável
Mas o coração, terno e amável,
Não se cansava da busca que fazia.
E corriam-se meses e findavam-se anos,
E a pequena princesa caminhava
Tendo em cada passo que ela dava
A saudade e o amor por soberanos.
O ponto, que de escuro que ele era,
Foi se tornando claro com o tempo
E o seu mover ficou de passo lento
Com o passar de cada primavera...
E mesclou-se no branco plasma da jornada
O ponto móvel – um vivo ser pensante –,
Mas a saudade viva, angustiante,
Foi deixando mais curta a dita estrada.
Força do amor! – que oculto vive e clama –
Deu à menina a força da esperança
De encontrar aquele, que em criança,
Foi personagem vivo do seu drama...
Os cabelos brancos vêm e o ser distante
Sai do distante lugar e quem habitava
E busca a menina que o buscava
Carregado de amor e confiante.
Encontra-a, por fim, (sonho dourado!)
Abraça a filha e consolado chora;
A felicidade vibra nessa hora!
...E a filha encontra o pai amado.
O pai (o ponto) veio pela vida,
Pela via-vida da lembrança...
Sai do horizonte e vê sua criança
E assim diz à filha tão querida:
Lágrimas derramaste, Princesinha,
Mas Cristo, no seu amor que tudo vê
Viu as lágrimas caindo de você
E trouxe-me a ti, ó filha minha! SGV. (18/06/2002) Após redigir uma carta a ela.