Juliana
Eu procuro palavras que rasguem
Que desafiem o peso da verdade
E que nunca seja tarde
Para mostrar o que rasteja
Por traz das incertezas
De quem me beija a face
Quero a dor viva nas veias
A verdade crua, desmedida
Quero versos que queimem todas as feridas
Como brasas nas palmas das mãos
Que queimem as pontes de ouro
Construídas de ilusão
Cada linha deve ser um corte, limpo
Uma lembrança, um golpe seco
Ferindo a alma despreparada
Que caminha devorada
Tentando retornar
Para as memórias infantis
Eu sou a sede que não passa
A fome insaciável, exasperada
Eu sou o grito que ecoa nas ruas vazias
A raiva indigente que não se conforma
Eu poderia reagir de várias formas
Mas escolhi me derramar
Não visto a pele da paz forjada
Minha carne tatuada
Conta a minha história
Meu corpo nu rejeita vis memórias
Minha mente é refém da tempestade
Abraçando o caos que todos ignoram
Que as palavras se tornem martelo
Quebrando os ídolos de barro
Derrubando as fachadas de honra
Que cobrem as sombras do passado
Eu não sou amigo do silêncio
Sou o grito que reverbera no vácuo
O suspiro final da verdade esquecida
No campo onde a mentira abriu caminho
E quando a noite cai
Sou a estrela morta
Brilhando num céu de estáticas mentiras
Meu caminho é o da ruína e da luta
Onde cada passo desafia a alma crua
Onde cada palavra é uma arma
Disparada contra o coração
Não tenho medo do não
E sim, de ser esquecida