Juliana

Eu procuro palavras que rasguem

Que desafiem o peso da verdade

E que nunca seja tarde

Para mostrar o que rasteja

Por traz das incertezas

De quem me beija a face

Quero a dor viva nas veias

A verdade crua, desmedida

Quero versos que queimem todas as feridas

Como brasas nas palmas das mãos

Que queimem as pontes de ouro

Construídas de ilusão

Cada linha deve ser um corte, limpo

Uma lembrança, um golpe seco

Ferindo a alma despreparada

Que caminha devorada

Tentando retornar

Para as memórias infantis

Eu sou a sede que não passa

A fome insaciável, exasperada

Eu sou o grito que ecoa nas ruas vazias

A raiva indigente que não se conforma

Eu poderia reagir de várias formas

Mas escolhi me derramar

Não visto a pele da paz forjada

Minha carne tatuada

Conta a minha história

Meu corpo nu rejeita vis memórias

Minha mente é refém da tempestade

Abraçando o caos que todos ignoram

Que as palavras se tornem martelo

Quebrando os ídolos de barro

Derrubando as fachadas de honra

Que cobrem as sombras do passado

Eu não sou amigo do silêncio

Sou o grito que reverbera no vácuo

O suspiro final da verdade esquecida

No campo onde a mentira abriu caminho

E quando a noite cai

Sou a estrela morta

Brilhando num céu de estáticas mentiras

Meu caminho é o da ruína e da luta

Onde cada passo desafia a alma crua

Onde cada palavra é uma arma

Disparada contra o coração

Não tenho medo do não

E sim, de ser esquecida

Juliana Bruns
Enviado por Juliana Bruns em 06/09/2024
Código do texto: T8146020
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