Inconstante

Estou,

Além daquilo que tu pensas,

Concedes,

Condenas.

Sou eu,

O inquieto pensador,

Crio minhas próprias dores,

As sofro,

De um jeito único,

Tão meu,

Que quem de fora vê,

Não enxerga além do repelente sorriso.

Inquisidor da decretada angústia,

Imposta ao juiz,

Réu,

Condenado,

E vítima,

Do próprio algoz,

Que investe contra a própria alma,

Através das dúvidas,

Cunhadas pela escrita,

Por um crime,

Que não cometeu,

E não há perdão.

Variáveis no caminho,

Sísifo empurrando a pedra,

Rumo ao topo,

Castigo por enganar os deuses,

Em voltar à terra,

Punido,

Com a labuta eterna.

Aqui do alto,

Observo os campos verdejantes,

Um céu carmim,

Tudo para,

Naquele instante,

Retrato,

Aquarela,

Que revisito,

Dentro de mim.

Solo fértil,

Com água abundante,

Uma lágrima escapa,

Pelos meus olhos,

Que irão se fechar,

Ao ver chegar o fim,

Tudo tão perto,

E tão distante,

Como o inconstante,

Que habita em mim.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 05/09/2024
Reeditado em 05/09/2024
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