Tempo vivido II
O sol risca a compasso o céu e se põe
E logo haverá uma nova alvorada
E assim o tempo é medido no relógio
Os ponteiros ponteando a trama
E a vida medida em gramas
Nessa toada o tempo perfaz o drama
o pretérito se impõe absoluto
E inaugura o momento seguinte
No espectro restrito do relógio estático
ponteiros transpassam em galope perfeito
E por essas linhas
Nada de desalinho
Nada de seder à passividade da espera
Para o verbo deixar, não cabe o depois!
Tem que viver a emergência da hora
E chafurdar no tempo vivido
E assim, comer nacos de vida à dentadas
Depois, digerir com as entranhas da alma
Nada de passos fora do compasso
Não é razoável perder o tempo!
Da vida, degustar até filigranas
E, do amor, gozar o gozo mais profundo
Aqui não cabem subterfúgios
E tão pouco distrações
Menos futilidades para enganar o tempo
Oras, o tempo real é o tempo vivido
E, por assim dizer:
Do relógio, degustar cada segundo
Passo a passo
Antes que o tempo passe.
Ton Costa