ECO
Com os pensamentos a mil, quebrando o velocímetro
Caio e me deito na minha própria humanidade
Meu eu humano me pesa e me pune a cada centímetro
Me sinto refém, me faço refém da vulnerabilidade
Tamanha vulnerabilidade, ser terrível e covarde
É o ser humano, ouvindo as vozes da ansiedade
E mesmo que saiba que elas não são de verdade
Continua dando razão pra elas, justificando relatividade
Ela emudece minha boca, sem álibis, prepara a mordaça e as chicotadas
Que é que já adulta, a minha mente tem medo de palavras sussurradas?
E meus interiores ainda parecem não ter onde se agarrar, com trêmulo firmamento?
Frágeis castiçais de sentimentos!
Os ecos de voz me perturbam o cérebro
Como vários pássaros famintos que o devoram
Sádico carrasco, vil e risonho, cérbero
Que dia e noite desdenha dos que tentam
Eu levanto e me pisoteia, me manipula pra depois rir
Diz que eu perdi, diz que eu falí, diz que eu caí
O sofrimento por você, você faz de piada depois que paro de sentir
E a dor que você causou? Você não tá nem aí
Só quer se divertir o máximo, e eu? Quando serei forte?
Pra ir além do que sua mão me permite, do que sua lei exige?
Além do que a taquicardia diz: "limite! Corra, fuja, não tente!"
Quando eu comecei a ter medo de tudo que existe?
Nas minhas orações peço liberdade contra esse eco que me joga dogmas e normas
Que ainda rumina na minha cabeça comida pelo medo
E que um dia essas vozes parem de ecoar já vazias e sem forma
Alimentadas por um passado de desespero
Como posso ser corajosa se tudo o que eu sempre senti e fui impelida a sentir foi medo?