ECO

Com os pensamentos a mil, quebrando o velocímetro

Caio e me deito na minha própria humanidade

Meu eu humano me pesa e me pune a cada centímetro

Me sinto refém, me faço refém da vulnerabilidade

Tamanha vulnerabilidade, ser terrível e covarde

É o ser humano, ouvindo as vozes da ansiedade

E mesmo que saiba que elas não são de verdade

Continua dando razão pra elas, justificando relatividade

Ela emudece minha boca, sem álibis, prepara a mordaça e as chicotadas

Que é que já adulta, a minha mente tem medo de palavras sussurradas?

E meus interiores ainda parecem não ter onde se agarrar, com trêmulo firmamento?

Frágeis castiçais de sentimentos!

Os ecos de voz me perturbam o cérebro

Como vários pássaros famintos que o devoram

Sádico carrasco, vil e risonho, cérbero

Que dia e noite desdenha dos que tentam

Eu levanto e me pisoteia, me manipula pra depois rir

Diz que eu perdi, diz que eu falí, diz que eu caí

O sofrimento por você, você faz de piada depois que paro de sentir

E a dor que você causou? Você não tá nem aí

Só quer se divertir o máximo, e eu? Quando serei forte?

Pra ir além do que sua mão me permite, do que sua lei exige?

Além do que a taquicardia diz: "limite! Corra, fuja, não tente!"

Quando eu comecei a ter medo de tudo que existe?

Nas minhas orações peço liberdade contra esse eco que me joga dogmas e normas

Que ainda rumina na minha cabeça comida pelo medo

E que um dia essas vozes parem de ecoar já vazias e sem forma

Alimentadas por um passado de desespero

Como posso ser corajosa se tudo o que eu sempre senti e fui impelida a sentir foi medo?

Natalia L A
Enviado por Natalia L A em 22/08/2024
Código do texto: T8134724
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