Tempo

Um rio corria na serra,

por entre montanhas trilhava.

E ia a vida a um fio,

por entre os dedos passava.

Eu ali deitada numa rede,

olhava um Sol, que falava.

Gritava maritaca na árvore,

um tempo que já não voltava.

Vento solfejava uma música,

algo que a alma arrancava.

Um dia andava ligeiro,

nos ponteiros de um relógio

e, parava.

Já não se sabia a hora.

Só se sentia o cheiro...

Era terra molhada, chão seco.

Era sertão com veredas desenhadas.

Era dia. Talvez, noite.

O segredo da felicidade estava ali!

Chovia uma chuva bem gelada.

Minha cabeça pensando no nada.

Era tarde. Talvez, cedo.

Quem sabe?

O tempo é assim mesmo:

a gente quer controlá-lo,

detê-lo.

É um cavalo alado, imortal.

Pégasus e sua inspiração poética.

Uma correnteza formou-se.

Tanta chuva vinha da cabeceira.

Água cristalina descendo,

cavando fenda...

Raios, trovões, relâmpagos...

O Sol me falava há pouco,

que viria uma chuva ligeira...

Foram anos e mais anos

num segundo.

Te sorri. Parou o mundo.

O tempo ainda era pouco.

Queria uma vida inteira.

Só tinha dias.

Bastava.