Quando nasci
Quando nasci
A primeira vez que nasci
não enxergava um palmo diante do nariz,
nem suportava, tão frágil, o peso desta vida
Quando ganhei confiança, desmedida,
perdi a direção da estrada
Da segunda vez que nasci
esqueci como respirava:
o coração batia em outra casa!
Os passos já não obedeciam:
Como descer das nuvens onde viviam?
Da terceira vez que nasci
herdei o silêncio eloquente
de quem acumulou areia suficiente
sob os pés calejados de ilusões,
levados por ondas de emoções
Da última vez que nasci,
trazia no peito a urgência
do instante que não se demora,
na impaciência de tornar-se agora
o amanhã que já principia findo