Em brasa
Em brasa
O coração parou sem dizer nada,
“Tragam-lhe asas, removam-lhe o senso!"
Mas ninguém ouvia os gritos da alma
Estão todos correndo atrás do Tempo
“Eu tenho que ir", diz-lhe baixinho
E assim a alma segue, deixando o coração
perdido em algum cantinho,
à espera que lhe devolvam a pulsação
Sem mais sentir os nervos, enferrujados,
A alma não encontra o caminho de casa,
Tenta voltar aonde deixou, desesperada,
o coração que de poeira foi tomado
E quão difícil foi reconhecê-lo!
endurecido por não ter abrigo,
em frangalhos por falta de zelo,
sem espaço pra pulsar, todo encolhido
Não há meios de o reanimar
sem acender-lhe a faísca
que do lado de dentro se dissipa
sem a chama que o faça saltar