Reflexões Desencadeadas Pela Detioração da Saúde de Meu Pai
Para onde vamos após à morte?
A pergunta ecoa, insistente, no ar,
Os teístas com seus alentos
Tem mecânicas e prontas respostas.
Na realidade, vivendo com os pés
No sujo e concreto chão,
O abismo final será no cemitério mais próximo.
Lá, entre lápides e silêncio,
O corpo descansará,
A terra acolherá meus restos
E a memória será esquecida como fumaça.
No solo frio haverá a paz definitiva que
Nunca houve em vida (apenas lá ela existe).
Mas por que carregar tal peso?
Empreender tempo e atenção
Com a última morada?
As entranhas ainda pulsam,
Resistem em meio às doenças
Que enfraquecem o corpo.
A mente reinventa-se diante
Das enfermidades que avolumam
Com o passar da idade.
E mesmo com os ataques covardes
Sobre meu corpo e de meus entes queridos,
Tentar viver sem remorsos, sem lamentos,
Fazer o pulso vibrar, ir adiante apesar das
Limitações impostas pela cruel natureza.
Pois o tempo escorre entre os dedos
E a foice fatal nos lembra a finitude.
Antes da última morada,
À sete palmos abaixo da terra fria,
Aproveitar o absurdo, mas divertido passatempo
Existencial... Respirar, rir, amar, sonhar,
Cuidar dos próximos e simplesmente viver,
Antes que o oponente implacável nos abrace.