Todos odeiam martiris
Não quero ser essa pessoa
Nem tão pouco aquela
Preferia ser uma pedra
Pra nunca mais sentir
A vida passa em tons soturnos
Perco a conta dos minutos
Que estou paralisada
Calculando se vale a pena
Me jogar dessa sacada
Tudo trepida aos meu olhos
No universo paralelo
Meu sorriso é sincero
Sou uma ramificação com defeito
Eu não tenho esse direito
De protagonizar meu próprio fim
Eu não sei o que é de mim
E o que veio deles
Me perguntam várias vezes
Como é que eu estou
Mas onde eu deveria estar
Ninguém nunca quis saber
Tudo perde seu sentido
Eu já nada mais sinto
O silêncio é corrosivo
Barulhento
Escruciante
Mas é como a minha amante
Que me beija ao me calar
Me sentei nessa sarjeta
Onde é o meu lugar
Não devo me preocupar
Me tornei intangível
Sem alma
Sem espírito
Rumo à lugar algum
Uma garota tão comum
Se achando especial
Esperava da vida
Confetes e Carnaval
Que seria reconhecida
Abraçada
Acolhida
Mas agora é só uma martíri
Na calçada da esquina