Todos odeiam martiris

Não quero ser essa pessoa

Nem tão pouco aquela

Preferia ser uma pedra

Pra nunca mais sentir

A vida passa em tons soturnos

Perco a conta dos minutos

Que estou paralisada

Calculando se vale a pena

Me jogar dessa sacada

Tudo trepida aos meu olhos

No universo paralelo

Meu sorriso é sincero

Sou uma ramificação com defeito

Eu não tenho esse direito

De protagonizar meu próprio fim

Eu não sei o que é de mim

E o que veio deles

Me perguntam várias vezes

Como é que eu estou

Mas onde eu deveria estar

Ninguém nunca quis saber

Tudo perde seu sentido

Eu já nada mais sinto

O silêncio é corrosivo

Barulhento

Escruciante

Mas é como a minha amante

Que me beija ao me calar

Me sentei nessa sarjeta

Onde é o meu lugar

Não devo me preocupar

Me tornei intangível

Sem alma

Sem espírito

Rumo à lugar algum

Uma garota tão comum

Se achando especial

Esperava da vida

Confetes e Carnaval

Que seria reconhecida

Abraçada

Acolhida

Mas agora é só uma martíri

Na calçada da esquina

Juliana Bruns
Enviado por Juliana Bruns em 06/08/2024
Código do texto: T8122643
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