A Bailarina

Ouvia-se suave o toque de um violino

Ecoando no silêncio de um escuro palco

No ar, o odor macio do talco

E via-se o detalhe do ilustre figurino

Calmamente seguia uma fila

Pouco a pouco, uma a uma dançavam

Pelo ar parecia que flutuavam

Era o dilatar de cada pupila

Pelo chão se moviam com tamanha graça

E no olhar de cada uma se via esperança

Era como um passeio de criança

A brincar no parque da praça

De mãos todas juntas, o trem que partia

Levando os sonhos e as tristezas

Aquelas criaturas tão indefesas

Com seus pés criavam tantas fantasias

Cada passo era pura magia

E cada movimento era uma estrofe

Estava celada ao cofre

A letra da melodia

Do rosto de uma delas, a lágrima escorria

E aos poucos o chão foi molhado

Como um mágico sapateado

A lágrima se derretia

Só deus sabe pelo que ela passou

Tudo o que ela viveu

Os perigos que conheceu

E os traumas que ela enfrentou

Mas deus viu ela se erguendo

Depois de muitos tombos cair

Jamais deixou de sorrir

Mesmo tanto sofrendo

Mas agora, seu sonho realizava

E conquistava o mundo inteiro

Enfim se tornara verdadeiro

Tudo aquilo que ela imaginava

E desfilava toda sua maestria

Enquanto a plateia se admirava

Eufórico o auditório aplaudia

E ela então chorava

Pois quase ninguém conhecia

A angústia que ela enfrentava

Da dança a noite e do treino do dia

Da sapatilha que arrebentava

Mas quando ela se movia

O público se emocionava

Cada passo era poesia

Que se escrevia no chão que dançava

Até que um dia, uma carta chegou

E ela nem acreditava

Quando leu o remetente Moscou

De alegria, ela chorava

Welerson Recalcatti
Enviado por Welerson Recalcatti em 05/08/2024
Código do texto: T8122586
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