INSUBMISSÃO

INSUBMISSÃO

Quando me querem o pescoço,

Sou laço, sou corda.

Quando querem minha carne,

Sou nervo, sou osso.

Quando batem à minha porta,

Sou luz, janela e sala,

Quando me tomam o direito

Sou esquerda, com gancho torto.

Encho o bucho pelos flancos

Limpo o prato, lambo os dedos.

Se preciso, mato o amor, a paixão

Mesmo que chore no enterro

Antes de descer o caixão.

Se sou bom amante, não sei

Mas sou honesto e não empresto

A dignidade para servir algum rei.

Sou o que me torno ser

Lutando sempre para me vencer.

Poeta matemático
Enviado por Poeta matemático em 28/07/2024
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