A Mim

A mim, minhas sinceras desculpas...

Passados tantos dias de sacrifício

No árduo sentimento intenso e ingrato

Ao arder do calor mortal do solstício

Que queima na pele no fértil maltrato

Ardente na alma de fervor costumeiro

Afogado em fumaça que brota do peito

No fogo que ferve este quente braseiro

No chão Brasileiro que da morte é leito

Amparo minhas longas mágoas

Na palma do solo que racha em prata

Ao verter na terra míseras gotas de água

Aos paladares de um povo que aos poucos se mata

Evapora o suor deste mundo sofrido

Onde o que mais trabalha, menos vê riqueza

Enquanto a mulher corrompe o marido

Prometendo alegria e entregando tristeza

Enquanto o homem corrompe a esposa

Prometendo amor e entregando ira

É como atirar galinhas à raposa

Se perde no olhar de uma ilusória mentira

Observo este povo, que julga a demora

Querendo ter pressa nesta curta existência

Mas o primeiro que sonha é o primeiro que chora

E o primeiro que chora, busca independência

Meu espírito padece nestes tristes cenários

Ofuscado na sombra de um dia turbulento

Se recebe da dor, um breve salário

E se paga com o corpo cansado e sonolento

O tempo passa tão sorrateiro

E ficam pra traz só longas caminhadas

Todo homem que diz ser o mais verdadeiro

Esconde mentiras nunca contadas

E me entrego ao ápice do meu tormento

Destinado ao eterno castigo

Quando a carne e o couro servirem de alimento

E todo o sangue tiver sido extraído

Só restará o cadáver em fétida ossada

Apodrecendo ao tempo e à putrefação

Enquanto a felicidade não for planejada

Somente de lágrimas se enche um ribeirão

Me sinto perdido no labirinto da vida

Esquecido no calabouço da própria prisão

Enquanto a lágrima não for sofrida

O suor não conta como lição

Entreguei-me de força e resistência sem culpa

Esperando vencer a minha condição

Agora devo a mim mesmo, sinceras desculpas

Pois sei que só sangra quem tem coração

Welerson Recalcatti
Enviado por Welerson Recalcatti em 26/07/2024
Código do texto: T8115453
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