DNA SERTANEJO

Fui criado no mato, com roceiro

Cortei lenha de foice e de machado

Muito cedo aprendi lidar com gado

Na caatinga lacei boi mandingueiro

Trabalhei alugado pra meieiro

Calegei minhas mãos desde menino

E esses calos traçaram meu destino

Ajudando transpor minhas muralhas

"Sou guerreiro forjado nas batalhas"

"Das labutas do solo nordestino."

Com enxada cuidei da plantação

Nos bons tempos frutíferos de inverno

Fiz mestrado na roça, arando o chão

Capinar foi meu lápis, meu caderno

Fiz chiqueiro de vara pra galinha

Cacei peba, preá, mocó, rolinha

Escalei grotilhões no sol a pino

Armei fojo e quixó, por entre as galhas

"Sou guerreiro forjado nas batalhas"

"Das labutas do solo nordestino.

Fiz passeio de jegue nas cangalhas

Quando pai foi tropeiro pelo agreste

Como um bom e fiel cabra da peste

"Sou guerreiro forjado nas batalhas"

Escapando dos gumos das navalhas

Empunhadas nas mãos de algum cretino

A defesa de modo repentino

É o genoma inconteste e absoluto

Da genét'ca provando que eu sou fruto

"Das labutas do solo nordestino."

Troya DSouza e Mote Edionaldo Souza
Enviado por Troya DSouza em 06/07/2024
Reeditado em 19/08/2024
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