Já fui um rato

Parado, relaxado,

Em frente ao ponto da rua Inácio,

Um moço me interrogou

De forma estranha,

"Como você descobriu que ficou velho?",

Disse acendendo o cigarro.

Encarando-o e analisando-o,

Decidi falar como se tivesse

Me refugiado numa montanha,

Passei a encarar a vida com mais apreço,

Cada detalhe de fato importava.

Passei a dar ao grão da areia da praia,

Mais importância,

E as nuvens do céu,

Todas as tardes eu observava.

De fato, fiquei velho.

Mas já fui um rato.

"Rato?" perguntou o moço,

Já com outro maço.

Já fui rato de frente para uma tela,

A fim de um futuro utópico

Que não viverei.

"Acho que também sou um rato".