Brumas.

Desde que eu estou aqui

Tenho aceitado

A tudo que o destino impõe

Desde menino, assim tem sido

As coisas que tentei mudar e consegui

Só deram certo porque

Meu destino era tentar

Eis aqui todo sentido

Desde o primeiro colo

À derradeira queda ao solo

Desde a primeira hora

Mesmo não concordando

Pois de vez em quando

Todo mundo se revolta

Porém, cada volta que o mundo dá

Cada prece escrita

Cada coisa que achei bonita

Estava lá para eu vê-la

Alguma coisa as põe no caminho

Assim como estrelas no céu

Que todos veem

Porém, tê-las não se podem

Aparecem sempre as brumas

Que vem do nada e as escondem

O destino nos quer assim

Assim como quer que não queiramos

Isso nos molda

Como as peças de um quebra cabeças

Onde tudo se encaixa

Quando a gente acha

Uma ou outra parte

Destarte nunca acharmos outras

Pois, pra isso existe o tempo

Que parece curto, que parece longo

Porém, jamais outra peça

Apesar de ser

Ele faz parte do engano

E da arte de viver

Desde a primeira vez

Que nossos pés tropeçam

E aprendemos nos reeguer

Sem que o mundo estenda a mão

Minh'alma, que um dia foi tola

Se molda, se encontra, se encaixa

Em meio à uma imensa engrenagem

Entre o pássaro e a semente

Entre a folha e o vento

Entre o homem e Deus

E a revolta e a escolha

Entre a estrela e a paisagem

Entre a vida e o momento

Cada volta do mundo sem conta

Faz parte do engano do tempo

Que parece curto, que aparenta andar mais lento

e faz parte do jogo...e está contando

desde que eu estou aqui.

Edson Ricardo Paiva.