Olhar de coruja
Queria poder relaxar
no alento dos lábios teus
e esquecer os fantasmas
que atormentam minha existência
tardia.
Queria banhar-me em seu corpo
e enxugar as dores
que vêm da chaga aberta
de minha alma.
Queria apenas acostumar-me
com o vazio sistemático
do dia a dia que reproduz
a mesma ferida.
Queria apenas sorrir
para as flores que alimentei
e bater a porta na cara das ervas daninhas
do cotidiano.
Queria apenas viver
na lucidez que transcende a escuridão
e alimenta o espírito
de coruja.