Antes só do que mal acompanhado
Alguns dos passos que ficam marcados na areia se desfazem
Sobrando apenas a impressão de que um dia lá estiveram.
Quem passar por ali num futuro não tão distante,
Provavelmente sequer terá a sensação
De que outros tantos já o fizeram.
Deve ser estranho observar de longe
Como pessoas juntas parecem separadas
E o porque as linhas não voltam para sua origem.
Desenhos estáticos de movimentos surpreendentes,
Absolvição ininterrupta dos erros pessoais,
Relativização das opiniões impróprias,
Teatros de flagelos carnais.
Afia na pele o desapontado chicote,
Que abre e fecha cortes na mesma investida.
Te dá razão para cada ferida
Mas não em como fazê-las parar de doer.
Acostumado com tão pouco; gratidão pelo ensejo
Mas detrás das portas eu percebo
Que existe um incômodo para cada desejo
Que tão inutilmente vim confessar.
De tudo que vejo, o que mais me aborrece
É que minha perspectiva ninguém conhece
E fica claro que não há o interesse em conhecer.
Sentença de contentamento: não há razão para o sofrimento
Por coisas que poderiam ser piores
Do que vem a ser.
Acredito, de certa forma, que consigo entender
Mas apenas eu. E mais ninguém.
Que nada do que se passou faria sentido
Ou seria passivo de qualquer explicação.
Que a justa causa não é tão justa assim,
Que nem tudo o que foi seria o estopim,
Que sou pessoa também.