Alguns poemas escritos em uma manhã de tédio
I
Será que, escrevendo só para mim,
Este mundo meio morto de imaginar,
Teria uma fantasia que me salvasse
Do mundo tal como ele se apresenta?
II
Será que em outras planícies
E outras vidas que ignoro,
Há alguém que compõe versos
Tão íntimo como o nosso?
III
Uma Deusa que bela se deita
Sobre a cama de gramado esbelto,
Dá-me a mão macia e serena
E deita-me também em teu colo.
IV
Cansei, penso, da vida por aqui
Larguei as correntes e as algemas,
Fugi das grades da civilização inteira
Para exilar-me no mundo próprio.
V
Um grande bocejo
Tem sido minha vida,
Nada que foi, foi certo
Nada que foi, foi meu.
VI
Antes no meu sonho
Se pudesse ficar lá,
Do que estar neste mundo
Entre pessoas aborrecidas.
VII
Felicidade não existe
Só por um ou dois tempos;
Sou feliz quando durmo
Quando não tenho pensamentos.
VIII
Apaguem as luzes que quero dormir!
Ou, de olhos cerrados, pensar em nada.
Queria da vida me esquecer por inteiro
E de mim mesmo terminar esquecendo.
IIX
O poeta mal aguentava a vida
Seu sonho de sonhar se termina;
Ri das adversidades da vida
Ri das pessoas e das famílias.
IX
Ninguém me aguenta
E eu não aguento ninguém,
Sou poeta, ou seja, nada
Nada faço por vocês!
X
Nada que me chega
Há de ser novidade,
Entendi o que é geral
Em dois minutos, apenas.
XI
Casar, namorar?
Mulher? Marido?
Não tenho nem gosto em viver
Vou querer alguém comigo?
XII
A polícia me passou e pediu
Para que eu saísse do veículo.
Disseram: “É amor”, e mandaram
Eu seguir... e tudo que eu tinha
Era dor de barriga.
XIII
O poeta não nasce como as
Outras pessoas... Ele é emprestado
De algum outro mundo. Por isso mal
Pode se adaptar à vida citadina.
XIV
As canções já esquecidas
Que saíam da boca do tio,
Como tenho saudade delas!
As canções do meu tio...
Do livro "Divagações"