Parar os ponteiros
Uma moça como você, sempre com pressa
Ansiosa pelo próximo segundo
Desconhecedora do que significa ficar parada
O olhar para seu relógio te mostra
Os ponteiros correndo na mesma velocidade
Que a sua, silenciosos, seus sons suprimidos
Pela pressa
O das horas assumiu a velocidade dos minutos
O dos minutos assumiu a velocidade dos segundos
E o dos segundos tornou-se invisível, de tão rápido
Ao passar perto de mim, no entanto
Seus passos desaceleraram
Assim como seu batimento cardíaco
Poderia ter enfim a chance de ficar parada
E como seria observar o mundo ao redor
Sem pressa, e os ponteiros de seu relógio
Antes tão rápidos, agora assumiram
Suas velocidades originais, estando livres
Para manifestarem seus tic tac’s
Você olhou para mim e para meu
Campo de gravidade, no qual
Eu não obedeço à velocidade do mundo
Mas sim, meu próprio mundinho
Assumia a real velocidade das coisas
Conhecida como o meu ritmo
Nele, eu poderia construir qualquer coisa
Imune aos apressares da sociedade
Coisas para meu prazer e validação particular
Não estou imune, por outro lado, a dizeres pejorativos
“lerdo”, “lento”, “devagar”, “deixado pra trás”
Elas não me afetam, pois elas são dissipadas
tão facilmente quanto as pessoas que as dizem
E suas criações, tão efêmeras quanto o veloz
Curso da vida que os destrói lentamente
Você amou tanto passar um instante
No meu canto particular, que tu percebestes
O mal causado pelo mundo de fora
O quanto queria ficar e gozar
Deste tempo calmo
Motivou pelo qual você se apaixonou por mim