Como se eu fosse um barco distante

Olho a vida passar,

como se eu fosse

um barco distante.

 

Tento direcionar o tempo

com minha bússola de mão,

atenta a todos os movimentos

de meu remar...

 

Sou o remo, a gaivota

que engole céus, o ar...

Arrasto-me nas águas,

corro por entre os carcalhos

de folhas que caíram com o vento...

Sou meu próprio tempo...

 

Sou a paisagem, o caminho...

sou o tronco da árvore a rolar...

o marinheiro, pescador, o ribeirinho.

Minha própria companhia...

a pedra... a rocha onde me sento...

meus passos, meu sonho sozinho...

o mapa na minha mão...

minhas pegadas

por, das ondas, a via.. 

 

Sou a vida

que passa nas águas...

Sou rio... que corre...

a tempestade no Oceano...

a lágrima à desaguar...

Sou meu próprio sonho...

Sou Mar...