TRAJETÓRIA
TRAJETÓRIA
Quando nasci só queria viver.
Sobrevivendo, queria brincar
E brincando me tornei adolescente
E me percebi forte, potente.
De repente, apaixonado loucamente
Pensei que o mundo iria logo acabar
Era tanto amor que doía, doía até sangrar
Mas era tanta vontade de amar
Que uma lágrima de saudade
Já se tornava um mar de eternidade
Mas era preciso sobreviver.
Trabalhando e estudando até quase morrer
O amor foi cedendo tempo para a responsabilidade
E, de repente, não se cabia mais na nascente cidade
E vieram outros amores, separações, outras dores...
Tudo veio à tona como um turbilhão de emoções...
O que fazer, como tomar a correta decisão?
O pavor que aponta o incerto destino
A ponderação, a razão, a submissão
À dura realidade de ver escorrer pela mão
Os sonhos de criança, a esperança de menino...
Dessa sopa, nasceu o Matemático enigmático
O pai lunático, o poeta enfático, o velho avô
O travesseiro que absorve toda dor
O homem enfadonho que lustra velhos sonhos
E canta o futuro com voz minguante
Mas bravamente esgrima seus versos
Como um forte guerreiro subversivo, insubmisso.
Ser Poeta! É só para isso agora que sirvo.