Abismo

Escuridão.

Medo.

Amplidão.

Ninguém me avisou que depois do fundo do poço havia um abismo.

Tsunami, vendaval, sismo.

Tento no silêncio me refugiar.

Só ouço pessoas a gritar.

São gritos que me pedem pra parar.

Como faço?

Em pedaços me desfaço.

Lutar ou resistir.

De qualquer jeito continuarei a cair?

Resisto.

Luto.

Consigo, enfim.

As vozes começam a se calar.

O medo a de mim se desapegar.

Sou o que sou.

E gosto do que vejo,

do que sou.

Sim, vou continuar.

Da memória… não vou apagar

tudo o quanto caí.

Quero as lembranças todas.

No fim estarei inteira aqui.

Rosangela Calza
Enviado por Rosangela Calza em 13/06/2024
Código do texto: T8085003
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