Náufrago de minha própria identidade
Sinto-me afogado nas águas
Com a assinatura de outras pessoas
O sal dela tem gosto das palavras
Que eles empurram para mim
Dizendo o que eu deveria ser e fazer
Tento me manter estável
Em busca de ar para alimentar
O que guardo dentro de mim
Que define quem sou
Mas cada tentativa é marcada
Por entrada de água salgada
De influências externas
Em minhas vias aéreas
Elas tentam me contaminar
Com valores com os quais
Não compactuo
Esfarelar e sumir com os meus
Sem deixar evidência
De que um dia foram meus
Minha conturbada jornada me leva
À terra firme, seca e estável
Desprovida de quaisquer líquidos
Com vozes diferentes da minha
Cultivei o ar que tanto alimenta
Quem eu sou e o que valorizo
Criei minha própria civilização
De um homem só
Alheio às perversões
De identidade