VERSOS SUSTENIDOS...
Era cedo eu nem sabia
Mas cumpriria a profecia:
Ser canção em arranhaduras
Sustos em notas, vãs partituras...
Do germinar
Na terra incerta.
Do rebrotar
Da hora em alerta.
No acordar de mais um dia
Clave em sol pouco seria
Notas em terra a revelia.
Do mais um tempo a acreditar
Que um bom vento iria soprar.
Do navio ao pé da proa
A chorar a terra a toa.
A mirar a terra ida
Já sem âncora aguerrida.
Ao zarpar de mais um susto
Sem avistar um porto seguro.
Do susto de ver de mim
Meu olhar a enxergar
De escutar o todo mudo
E avistar o fim dos mundos...
Inda que fosse absurdo.
Do meu susto de pulsar
Tanto sangue a derramar.
Da canção que nem se ouvia
Ter ouvidos às sinfonias.
Do pronto identificar
A me negar a acreditar.
De mais um susto de sentir
No entanto, sem cair.
Sem pedir nenhum centavo!
Pelo peito sempre alvejado.
Da perene advertência
Que a soar-me à consciência...
Que apesar de eu não querer
Sempre me obriga a entender.
Do meu susto ao engolir
Mais um verso a poluir.
Qual o volver num mar revolto
-que só a sugar o insidioso-
Do melhor nunca lamenta:
Já morta a praia ...que o alimenta.
De saber que o insondável
Sempre é negociável.
Do susto da ingenuidade
A malograr as realidades.
Do susto de ver os anos
Tanto acenarem aos desenganos....
Do ver tombar em cada esquina
A grande terra prometida;
Na tragédia suburbana
O vil cenário das matanças...
Do susto de ver de mim
Florescer mais um jardim!
Mesmo em meio às ervas daninhas
De sementes tão mesquinhas.
Do susto de aprender
Ser mais fênix a florescer...
Do susto de ver de mim
Mais um voo a prosseguir.
E a soar de mim suado...
Mais um susto congelado:
Mesmo em campos minados
Passarinhos versam alados.
No susto de Ser de mim...
Num Universo a eclodir
Nova rima a me acudir.
Nada mais a LHE pedir.
Do grande susto concebido:
O milagre em sustenido
Nunca dantes apercebido.