POEMA META-ROBÓTICO
Robôs desfilam por todas as telas...
Tristes estereótipos
caricaturados de gente.
Não consigo acesso a nenhum SISTEMA.
Deve ser porque
Não aprendi a lidar com os "back-ends".
Não construí tantas "fakes-inter-faces",
Nem armaduras e glossários de aço;
Portanto,
Minha face genérica nunca é reconhecida.
Não fiz harmonizações da inconsciência ambulante
e não tenho nenhum acesso à "inteligência artificial".
Hoje,
meu ínfimo "big-data" também é inacessível,
Posto que só sincronizo com o "core" existencial.
Meu verso, nunca versa em "metaverso",
É irreconhecível, quase patético..
porque ainda sou "influencer" do meu próprio poema.
Já recebi um "QR CODE", tatuado na marra!
E confesso que desliguei seu processamento.
É que o magnetismo do meu pulso ressoa e
interfere com todas as meta correntes
sem claros endereços.
Faço poesia sem "blockchain",
Apesar de sentir que o todo meu "streaming"
já está fatalmente "hackeado".
E pronto para receber um vírus letal, daqueles que matam
o arquétipo neuronal natural...em rota de Pandemias.
Careço de "firewall"
Deleto minha sensação real,
e todos os dias faço mais um "upgrade" dos sentidos
para, nos meus versos,
retornar à existência de origem...e de direito.
Se sempre em meta análise de mim mesma
não me haveria sentido em
bloquear as correntes dos sentimentos.
Portanto,
meus versos seguem em cumulativos "clusters",
num compulsivo "clock rate".
Todos devidamente guardados em "clouds"
já que minhas nuvens são eternas.
Perdi (de propósito!) todas as senhas:
Números, letras, arrobas, hashtags,
Os maiúsculos e os minúsculos.
Dispensei todos os caracteres obrigatórios...
Posto que ainda acredito serem só as digitais
o principal e fidedigno caráter das existências.
São elas, as linhas nas pontas dos dedos,
que nos abrem as telas e nos alinham aos verdadeiros universos...
Na minha poesia não há meta ideologias.
Porque penso ser na briga dos sentidos
o lugar onde sempre se perde a direção.
Meu " gateway" apenas segue do coração à razão,
Só às vezes, vice-versa.
Nesse contrário do caminho versejado
é onde sempre corro o risco de me perder nas rimas.
Estou, perenemente, sem acesso ao sistema operacional.
Onde os numerosos robôs continuam...meta acumulados.
Exibicionistas do nada dum tempo sem direção.
Sem auto consciência de meio e de máquina.
Tempo de "downtime" apesar das tantas conexões em rede.
Redes que se interconectam em "machine & deep fake learning"
sem a mínima noção do triste aprendizado:
O de que , no virtual poema robótico em curso,
perdeu-se a real autonomia do existir.