Ser vida
Sucedem-se outono,
inverno, primavera
água sobressalta da Serra.
Ósculo da pedra
agita por dentro de mim.
Estalos do que sou
o mais recôndito,
a brisa, a selva,
o infinito.
Sou aquilo
que as veias calibram,
sol de solstício.
Vendaval
onde o tempo dormido
cochila.
Sou bago
lecitina
da lentilha.
Sou o casco
do cascudo,
o grilo que trila.
Lobo sem matilha
Sou força
da acolhida.
Enfim, sou como vida
que nunca se finda
E diz-se:
esponja tranquila.