Alma minha
Eu a observo
Eu a vejo finalmente
Corpo pequeno, franzino, de criança sofrida, pés descalços na terra seca
Corpo que cabe em qualquer canto
De onde saltam olhos enormes
E lhe vejo, alma de criança
A que olhava a estrada escura pela janela do automóvel
Os olhos imensos aguçando a visão pelos fracos contornos das noites
Corpo pequeno de criança esquecida na guerra
Corpo que já não sente fome
Ou reivindica o que quer que seja
Tamanha a desproporção alma e corpo
Eu a observo
Sem querer que perceba
Que choro por ela, pela descoberta de vê -la,
E querer nutri-la
Eu a vejo, pequena, perdida de mim
Num sonho demorado e ruim
Quero desperta-la e partir
Desculpar - me pela demora
Criança, estou aqui