Rastro

Se rastro de pólvora

se areia escura

se cinza funerária

se a visão enganada

não sei.

Olho o chão.

Se poeira do tempo

se sujeira de tudo

se resquícios da festa

se cupim na madeira

apodrece,

e olho o chão.

Por isso mesmo,

apodrece.

E há

cheiro de pólvora

lama e areia

prenúncio de morte

e a cegueira

irreversível... Como o correr do tempo

como o cansaço de tudo

como a ressaca da festa

como desgata a madeira

irreversível!

Olho o chão.

Entonteço

e não tombo:

sei mais que antes.

Luciana Cavalcanti
Enviado por Luciana Cavalcanti em 17/05/2024
Código do texto: T8065394
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