Vestido de branco
A vida, esse sonho em preto e branco
Do terraço, sigo esse enredo
dois barcos vazios, temporal
e eles continuam navegando
entre armadilhas, sinais, ruídos e silêncios
A vida, essa ironia
Hoje, penso em partir
amanhã, acho que fico
sigo atenta aos meus sentidos
talvez não volte mais, nunca mais,
ao mesmo cais
Se voltar, já não serei mais
E sei que jamais
terei o mesmo gosto
por aqueles mesmos jornais
ou os mesmos olhos, o mesmo toque, a mesma cor e calor
Apenas saberei mais
Sobre quem sou
A vida, tantos sonhos
Vendo você, sorriso manso,
vestido de orvalho e de branco
reinvento o passado,
solto, me desfaço
e, aos cacos, no meio do caos,
me refaço
Ainda estou aqui,
atônita, perplexa,
me descobrindo inteira
presente, ainda dormente
pisando no teu solo, querendo o teu colo.