O homem.

 

Tinha no olhar um mistério,

Seu jeito um tanto sério

De olhar para a vida e a morte.

Tinha o dom do improviso,

Trazia paz no sorriso,

Contava em tudo, com a sorte.

 

Ninguém soube de onde veio,

Ou sequer, para onde ia.

Quando lhe perguntavam, ele desconversava

E seu caminho seguia.

No seu trajar a elegância,

Perdia-se nas roupas surradas,

Deixava a perceber, da vida abastada de outrora,

Não ter sobrado mais nada.

 

Gostava de assoviar,

Conhecidas melodias,

Assim, cantarolando

Passava todos seus dias.

Sentado em um banco da praça,

A todos dizia uma graça,

E um elogio, fazia.

 

Rodeavam-no as crianças e era uma festança,

Tudo o que acontecia.

No colo os pequeninos, recolhia com carinho,

E transmitia alegria.

Não se soube na verdade, qual era a sua idade,

Ou o seu grau de estudo,

Mas falava com propriedade

E nos assuntos diversos,

Mostrava saber de tudo.

 

Assim como veio, se foi.

Quando se deram por conta,

Ele já não estava,

Sem ter onde procurar,

Pois passava em todo lugar

E pouco tempo ficava.

Deixou além da saudade,

Uma grande amizade. Também muito respeito.

Era um homem misterioso, um tanto até curioso...

Era um grande sujeito!