Bordado
Vou enfiando na agulha
Uma linha do tempo
Com a qual teço prendas
Escapulidas da memória.
São de mentira, são de verdade,
Nem são minhas
Nem são suas.
São matizes aos fiapos
Na tarde vazia de desperdício.
Embolada no avesso,
Uma linha do tempo
Sem arremate,
Sem nó, sem ponto
Displicente e frouxa.
É uma vida de agulhadas
Virando flores,
Quem me dera
Saber bordá-la.